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Marcela Rodrigues

Série anatomia: ingredientes suspeitos nas máscara de cílios convencionais





Reportagem: Karen Faccin Colaborou: Thais.schreiner Arte: Marília Senott


A lógica é simples: se é difícil de tirar, bem não deve fazer. Era o que eu deduzia há quinze anos enquanto fazia aquele esfrega-esfrega no olho pra demaquilar o bendito “rímel”. Nessa época já desconfiava que havia algo de muito errado nas máscaras de cílios à prova d’água e na alergia que provocava nos meus olhos. Mais ou menos na mesma época descobri que tinha ceratocone, uma doença oftalmológica genética, que pode ser manifestada pela coceira em excesso nos olhos. Entre experiências bem-sucedidas e outras nem tanto, mergulhei no mundo das máscaras para mais um especial A Naturalíssima, desta vez dedicado aos que, por tanto tempo, chamamos de rímel. A começar pelo raio-x das fórmulas convencionais, que tanto incluem as baratinhas encontradas nas farmácias quanto as marcas de luxo.


Olhos: terreno delicado


De acordo com a dermatologista Marcela Meissner, a utilização contínua de máscaras à base de ativos suspeitos pode prejudicar a função dos cílios de proteger a área dos olhos, permitindo com que fiquem mais suscetíveis a contaminações por pequenas partículas como poeira e microorganismos.

“As máscaras convencionais muitas vezes são difíceis de serem retiradas. Muitas pacientes acabam perdendo cílios e sofrendo o afinamento dos mesmos nesse processo de higienização" - Marcela Meissner, dermatologista

Ela explica que, ao aplicar o produto, impregnamos a região de substâncias possivelmente tóxicas, que podem se acumular, causando danos. "Pesquisas mostram que esse produto que escorre na mucosa pode ser absorvido causando dermatite, alergias, coceira, irritação, entre outros”, destaca.

Da matéria-prima inicial ao “descarte” do produto, os riscos para o meio ambiente são alarmantes, considerando que em sua grande maioria as empresas de cosméticos convencionais não têm a sustentabilidade como pilar central e isso reflete não somente nos insumos tóxicos utilizados, mas também na poluição gerada na cadeia de produção e nas embalagens plásticas.


Anatomia: o que pode ter dentro de uma máscara de cílios convencional


(Arte do post completo no perfil @anaturalissima)


  • Derivados de petróleo> O petrolatum é um ingrediente barato que a grande indústria usa para conferir função emoliente. Seus derivados podem aumentar o risco de doenças e dermatites. Uma das evidências é a contaminação do petróleo por hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), considerados pelo National Toxicology Program um grupo de substâncias suspeitas de serem carcinogênicas. Por outro lado artigos recentes apontam que eles não apresentam risco diretos aos consumidores devido à falta de exposição sistêmica (não é absorvido). Mas ainda que as pesquisas que comprovem seu alto grau de toxicidade sejam confrontadas por outras, precisamos refletir: para o meio ambiente é um agente tóxico antes e após-consumo.


  • Parabenos> O grupo 2 dos parabenos (formados por Isobutylparaben • Sodium Isobutylparaben • Pentylparaben • Phenylparaben • Benzylparaben), tem a classificação vermelha na plataforma de pesquisa limpp.com.vc, que aponta alto grau de toxicidade. Na saúde humana, esses conservantes podem atuar como disruptores endócrinos, desequilibrando o funcionamento dos hormônios.


  • Metais pesados> Eles chegam às fórmulas das maquiagens por contaminação cruzada em outros ingredientes, como óleo de semente de algodão e glicerina. O chumbo é o principal deles, tendo avaliação do EWG com nota 10, sendo considerado um químico tóxico e bioacumulativo. Sua neurotoxicidade estaria ligada a problemas no sistema nervoso, além da desregulação hormonal, tanto em homens quanto em mulheres.


  • Silicones> Existem muitos tipos de silicones, entre mais pesados e leves. A Dimethicone, com função emoliente, é um tipo bem comum que fica num meio termo: apesar do risco leve para a saúde humana (associada a possíveis irritações) ao meio ambiente tem impacto nocivo: quando liberada em água através de resíduos, a substância não é facilmente biodegradável. Você pode conhecer outros nomes nos rótulos pela limpp.com.vc


  • Polietilenoglicóis (PEGs)> São das famílias dos petrolatos e atuam como agentes de condicionamento e de limpeza (polyethylene glycol, PEG-8; PEG 400; Poly(oxy-1,2- ethanediyl).alpha.-hydro-.omega.-hydroxy, propylene glycol, 1,2,-propanediol, 1,2-dihydroxypropane). No corpo humano, além de alergênicos, fazem com que outras substâncias possam ser mais absorvidas.


  • Corantes e fragrâncias artificiais> Vindos de ativos sintéticos diversos, esses agentes estão ligados à irritações. Reflexão: qual a necessidade de ter parfum numa máscara de cílios?


  • Crueldade animal> quando fórmulas passam por testes em laboratórios e envolvendo práticas crueis.

Noda editorial: leia rótulos, pesquise sempre, pergunte à marca. E compre o menos possível.









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