Slow beauty, Clean Beauty, Green Beauty…São muitas as definições globais que vem surgindo nos últimos dez anos para, em comum, definir movimentos que propõe uma relação mais atenta e responsável envolvendo cuidados pessoais e estéticos. Agora, emerge mais um: o Blue Beauty (beleza azul, em tradução livre). O alvo: o impacto nos oceanos e a redução de plástico. A motivação: a crise climática!
Sob o guarda-chuva de uma beleza consciente, a preocupação com os ingredientes suspeitos e pós-consumo, considerando as embalagens e o descarte delas, andam lado a lado. Por isso, soa quase redundante falar de beleza limpa e beleza sem plástico. Um faz parte do outro. Mas foi pensando na urgência, e na evidência neste segundo ponto, que americana Jeannie Jarnot fundou o movimento Blue Beauty pensando na na conservação do oceano por meio da redução de geração de plásticos.
Em entrevistas, Jeannie costuma definir que as marcas blue beauty seriam aquelas que visam ter um benefício ambiental “não apenas compensando seus impactos ou doando para instituições de caridade, mas realmente fazendo o trabalho duro e vendo como elas próprias podem colocar de volta recursos no meio ambiente”.
Se você chegou a pensar “nossa, mais um movimento, mais um termo!”, te convido à reflexão. Sim, há muito sentido, afinal, o mercado de cosméticos ainda desenvolve produtos em uma lógica para serem adquiridos, usados e…descartados! Já pensou nisso? Até na seara da beleza limpa ainda há muito o que solucionar neste contexto. Poucas empresas se preocupam ou se responsabilizam com o pós-consumo ou mesmo olhar para além da sustentabilidade, chegando ao conceito de regeneração.
Beleza azul: o que as marcas nacionais tem feito e como identificar uma marca blue beauty
Vale destacar marcas que oferecem refil, como a gigante Natura, pioneira na prática, e a Bioart, uma das poucas entre os biocosméticos a adotar. Recentemente até O Boticário lançou uma linha orgânica com plástico vegetal, cuja origem é a cana-de-açúcar, inovação já incorporada por marcas que nasceram conscientes, como Almanati, AhoAloe e a própria Bioart.
Enquanto isso, algumas recebem de volta as embalagens, caso da Cativa Natureza, que costuma transformar os frascos de shampoos em saboneteiras e até em peças a serem utilizadas na montagem de estandes de feiras que a marca participa; e do Natural do Barbosa, espaço dedicado a cuidados com cabelos em São Paulo. Já a multimarcas online Use Orgânico recentemente abriu um espaço físico para experimentação e criou um espaço especial para o descarte.
E, claro, vale enaltecer as que investem nas embalagens de papel, como Simple Organic, Care Natural Beauty, e Baims, conhecida pelas maquiagens com design em bambu.
Não há uma definição oficial os rótulos, e nem deve surgir, afinal o termo não é sinônimo de produto, mas de um movimento. No entanto, é possível pensar que um item que se conecta com o propósito do movimento geralmente tem fórmulas sem ingredientes que possam agredir o meio ambiente e, mais do que isso, prejudicar o ecossistema marinho: como derivados de petróleo, microesferas de plástico e benzofenona-3.
Uma das referências em posicionamento nacional como marca plastic free, a B.O.B (foto acima) é uma marca de cosméticos sólidos e naturais focada em acabar com o uso de embalagens plásticas descartáveis em nossos banheiros. A cada kit com condicionador e shampoo em barra é possível fazer cerca de sessenta lavagens de cabelo e, logo, economizar cerca de cinco garrafas no banheiro. A entrega é 100% zero plástico, incluindo caixa de papelão e sub-produto de algodão no lugar do plástico bolha.
Mas não podemos esperar o mercado todo mudar as embalagens, suas fórmulas e ações. Para além das cobranças com as marcas, podemos, nós mesmos, exercer a auto-responsabilidade. Como já levantei aqui, no guia da higiene pessoal com menos plástico, uma beleza com menos lixo é possível, e a solução está nas pequenas escolhas. E para ser menos tóxicas ao meio ambiente, precisamos olhar para ingredientes e impacto da produção de cada fórmula. É um olhar novo e sistêmico para o impacto da nossa vaidade.
Comments