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Moondala: uma ferramenta de autoconhecimento e reconexão feminina

Meu ciclo menstrual é um pouco desregulado. Se eu fosse usar o calendário e a regra de contagem convencional para saber quando minha lua viria, ficaria um tanto confusa. Mas sei exatamente quando ela está por vir e posso me preparar para recebê-la e lidar com os padrões comportamentais que surgem nesta fase. Foram vinte e oito anos de vida achando que sintomas pré-menstruais eram os únicos dos ciclos femininos.

Foi fazendo meus registros na Moondala, uma ferramenta de mapeamento dos ciclos femininos, que conheci há um ano, no começo da minha jornada de aproximação com Sagrado (feminino),  que entendi que meu corpo diz algo a cada fase. E que, respeitando cada uma, posso ser melhor para mim mesma.

Idealizada pela terapeuta holística, corporal e doula Morena Cardoso, em co-criação com a artista plástica Bárbara Blauth, essa ferramenta me fez resgatar, de maneira prática e assertiva, o hábito de registrar sensações em cada fase do meu ciclo pessoal. Intuitivamente, eu sempre tive a mania de anotar algumas sensações durante a TPM e, assim, levar detalhes em consultas médicas. Mas não tinha disciplina e, por isso, qualquer autoanálise se perdia entre um mês e outro.

Precisei preencher a mandala por três  luas seguidas até começar a entender quais eram meus padrões; o que era da minha essência e o que, por vulnerabilidade e sensibilidade, era influência externa. Hoje, sei exatamente os cuidados que preciso ter para seguir o que meu corpo/essência pedem e me manter conectada com esse pedido de socorro.

Certo dia, conversando com a Morena – ela na Romênia, eu aqui em São Paulo – ouvi o que mudou de vez a minha percepção dos ciclos femininos. Ela disse algo como “algumas mulheres tem o hábitos de justificar algumas atitudes impulsivas dizendo que não são elas mesmas durante a TPM. pelo contrário, nesta fase, somos nós mesmas com uma lupa”. Pah!

Autoescuta

O fato é que perdemos o hábito entender e nos respeitar durante as fases femininas. Não é difícil escutar queixas como “na TPM sempre fico…”, quando estou menstruada sempre faço, sinto, falo…”.  Percebe quantos conselhos e pedidos de socorro estas sensações tentam comunicar?

“Conhecer a nós mesmas nos empodera em muitos níveis… nos potencializa tanto na forma como lidamos com o nossos processos internos, como na forma como nos manifestamos no mundo” – Morena Cardoso

A cada ciclo nosso corpo e as nossas emoções, em pura sintonia, dizem algo sobre (e para) nós. Por meio de sensações físicas e emocionais, sentimos quando estamos ovulando, quando precisamos nos aquietar….são tantos sinais…Cada uma recebe sua mensagem. Mas a maioria, muitas vezes, não escuta-sente. Culpa nossa? Não, mas da cultura patriarcal que foi implantada há milênios e nos fez criar uma ilusão, que persiste de geração em geração, e coloca os ciclos femininos como algo banal ou negativo.

Melhor para si mesma

É tão bom entender que se toda fase menstrual fico introspectiva e com enxaqueca é melhor eu me aquietar…porque ir ao contrário? Quando a minha lua está para vir, me dou diversas autogentilezas: banho a luz de velas, automassagem ( já contei aqui meu ritual), danço, rezo e fico quietinha refletindo e esperando repostas que chegam como insigths. Assim como estou na fase da lua cheia, parece que vou transbordar. Sabe aquela vontade de ir para a janela uivar? É a hora de comunicar, botar pra fora. Mas isso no meu caso. Para saber o seu, só se conhecendo bem.

Aliás, harmonizar o nosso ciclo pessoal com o ciclo da lua (você costuma se sentir diferente em cada uma, por exemplo?) é uma das funções da madala.  Mas em uma sociedade que falar em voz alta que está menstruada é visto como nojento, imagine vir com esse papo de lua…

Não somos mulheres bipolares, indecisas ou sem personalidade. Temos fases e, quando aceitamos cada uma, podemos tirar o melhor da nossa personalidade.

A MOONDALA

A mandala da lua é ferramenta-amiga que ajuda a mapear sensações físicas, mentais e emocionais de cada ciclo. Assim, nos enxergamos com mais clareza, identificamos, inclusive, padrões comportamentais (sabe aquela angustia ou aquela atitude impulsiva que você sempre tem na TPM e não entende?) para que sejam aceitos ou mesmo transformados\curados.

É algo tão prático e simples que a gente pensa: porque não nos ensinaram  isso nas escolas? Porque  fazer um diário em cada TPM não é um hábito desde a menarca?

Existem aplicativos que auxiliam na tarefa de registros dia a dia. Mas acredito que eles nos colocam de volta ao automático e atrapalham em uma reflexão genuína. Você abre o celular – enquanto faz mil coisas – registra o que vem a cabeça, fecha o aplicativo e pronto. É bem válido do ponto de vista de saúde, mas é perde uma oportunidade incrível de autoconhecimento. Preencher a mandala é um ritual de autoconhecimento. É você e sua essência em alguns minutinhos de escrita.

Como funciona

Para fazer download da moondala (e do calendário lunar, é importante), convido você a visitar o site do Danza Medicina, onde a Morena explica detalhadamente como preencher a mandala funciona (muito mais justo acessar o tutorial original, não é mesmo?). É um sistema bem simples de entender, mas na cultura patriarcal que vivemos, as ultimas gerações perderam o hábito de entender acontecimentos básicos da existência feminina. Achei curioso re-reaprender (digo reaprender por que é algo que está na nossa raiz) e ver como é simples, funcional e orgânico fazer tal conexão.

Mas se você já tem o hábito de fazer seu mapeamento intuitivamente (o meu começou assim), dá para seguir algumas dicas que a Morena indica para usar aproveitar o melhor da mandala com o seu bloquinho convencional:

* Consistência: para criar um hábito diário de anotações, é recomendado que você mantenha sua Mandala da Lua em um lugar de fácil acesso, como a sua mesa de cabeceira por exemplo.

 * Faça valer a pena: tente criar em sua mente o contexto de que este tempo que você está alimentando sua Mandala, é um momento para refletir, para se observar; é um ato de carinho, cuidado e amor-próprio.

* Consolidar: você pode também anotar uma visão geral de 2-4 dias, se a sua experiência ao longo destes dias é relativamente semelhante. Isto irá facilitar encontrar o padrão de cada fase após os três meses de anotações.

Boa jornada de autoconhecimento, mulheres!

AHÁ!

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