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Marcela Rodrigues

Ananda Boschilia: a catarinense que trouxe a primeira maquiagem orgânica ao Brasil

Aos 19 anos, com uma super veia empreendedora e avessa a produtos de beleza com ativos sintéticos, a catarinense Ananda Boschilia trouxe ao Brasil a primeira maquiagem orgânica e vegana certificada do País, a alemã Alva Naturkosmetik. Aos 27, ela vê seu negócio ganhar cada vez mais visibilidade e tornou-se uma entusiasta do tema. Nesse bate-papo exclusivo com aNaturalíssima, ela fala sobre o mercado de beleza sustentável por aqui e revela suas escolhas sustentáveis, marcas preferidas e até uma receita de desinfetante natural!

Quando você começou a se interessar por cosméticos e maquiagens orgânicos? Sempre tive uma vida natureba por influência dos meus pais. Quando comecei a usar produtos de higiene pessoal e cosméticos, a minha mãe, que é nutricionista, nunca me deixou usar químicas, como desodorantes com alumínio e maquiagem com ativos sintéticos. O problema é que não encontrávamos no Brasil opções desse tipo de produto, por isso fomos buscar fora do País. Assim, a necessidade pessoal acabou virou o negócio da família.

Quando trouxeram a Alva ao Brasil você tinha apenas 19 anos. Estudava algo na área? Comecei a cursar Direito e não acabei, depois engatei Relações Públicas e não acabei também. O mesmo aconteceu com Gestão empreendedora, que parei faltando apenas seis meses pra me formar. Comecei a empresa com 19 anos e sempre só quis saber de trabalhar. Nunca fui uma aluna aplicada nos estudos, mas sempre muito aplicada no trabalho.

Quais foram os desafios de trazer a Alva Cosméticos para o Brasil, em 2008? Eu não tinha conhecimento em nada relacionado à Anvisa, assessoria de importação, transporte internacional, conhecimentos técnicos de produto, logística e financeiro. Eu só tinha a vontade de fazer esse negócio dar certo. Além disso tudo, em 2008, ninguém sabia o que era cosméticos orgânicos.

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(Foto: Divulgação/Alva Cosméticos)


De lá pra cá, o que mudou? Há mais interesse e preocupação entre as pessoas. Primeiro vieram os alimentos orgânicos e, agora, estamos ganhando espaço com as roupas, cosméticos, higiene pessoal, produtos de limpeza… Nosso objetivo hoje no Brasil não é só vender cosméticos, e sim informar.

Como reconhecer um item orgânico? No Brasil ainda não tem legislação para cosméticos orgânicos por isso o que nos protege são as certificadoras. A Alva usa a Ecocert, uma certificadora francesa. Se não tiver uma certificadora no rótulo, você precisa aprender os ativos. Na composição não pode haver substâncias tradicionais na indústria convencional, como, por exemplo, parafina, parabeno e silicone. Eles são subprodutos do petróleo e podem causar envelhecimento precoce.

As linhas de maquiagem orgânica estão com cada vez mais opções de texturas, cores…

Pois é. Existem muitas cores na natureza disponíveis para usarmos. É é uma matéria-prima mais cara, mas com uma qualidade muito maior do que as sintéticas.

Quais são estas matérias primas? No batom vermelho  usamos extrato de beterraba e não o corante carmim (extraído do inseto cochonilha). Na maquiagem também usamos ativos proveniente de uma fermentação natural que ajuda a fortalecer o sistema imunológico. Os pós e o blush são assados e não prensados. Isso garante uma consistência mais sedosa e mantém naturalmente a hidratação da pele sem necessidade do uso de química.


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Pigmento de beterraba no batom vermelho (Foto: Divulgação/Alva Cosméticos)


Qual a diferença da maquiagem mineral e vegana da orgânica?

Maquiagem mineral é que alguns ingredientes sintéticos são substituídos por minerais, mas não quer dizer que não tem química. A vegana é que não tem nenhum derivado animal no produto mas também não quero dizer que não tem química.

Como é o seu ritual de beleza? O que prioriza na sua rotina?

Confesso que não sou tão vaidosa. Uso diariamente o hidrogel, da Alva Cosméticos, e o óleo, da Sanddorn. Como estou grávida de gêmeas, estou usando outros dois cremes da Mustrela: uma pra estrias e outro para os seios. Nos cabelos uso a linha  So Pure, da Keune. E adoro óleos essenciais, que compro na loja online Pria, para cuidar da saúde e do bem-estar.

Você também prioriza orgânicos na alimentação? Sou natureba, mas não vegana. Na minha casa até onde dá só entra orgânico, não como glúten nem leite. Açúcar, bem raramente. Se estou em Joinville, gosto de comer em casa. Em São Paulo gosto do restaurante Super Natural (nos Jardins, zona oeste da cidade).

E em relação à moda, seu consumo é consciente? Adoro uma roupa nova, mas tomo muito cuidado com o que compro. Gosto de algodão orgânico. Aliás, como estou grávida,  tenho procurado roupas para bebê nesse material. Gosto muito de uma marca carioca chamada Ciclo, com roupas feitas de garrafa PET.

Você comentou sobre produtos de limpeza? Uso vinagre, óleo essencial e bicarbonato de sódio como desinfetante… Limpa muito bem, é barato e  não intoxica quem está limpando.

No caso de quem não pode aderir tudo orgânico de uma vez – por falta de acesso ou condição financeira -, qual a alternativa? Vale a perna priorizar um ou outro item? As pessoas não precisam ser radicais. O ideal é ir trocando aos poucos os produtos e não jogar tudo fora e renovar o estoque. Isso não seria nada sustentável! Indico que comecem com os itens usados diariamente e os mais químicos, desodorantes, pasta de dente e cremes hidratantes.

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