Notícias que destacam a movimentação da grande indústria de beleza em direção à sustentabilidade

Os grandes grupos de beleza & higiene parecem estar acelerando os passos em direção a práticas de sustentabilidade que vão de mudanças na formulação e até nas etapas de suas operações. Algumas empresas finalmente lançaram suas linhas orgânicas e naturais; enquanto outras investem na chamada “Green Science” e até mesmo nos mais simples de regeneração nas práticas que permeiam o processo de produção.
Nem toda ação ligada à sustentabilidade faz, de fato, uma empresa ser sustentável. Existem muito greenwashing pelo mercado sim. Mas para além das intenções de cada empresa e julgamento profundo de cada caso, a movimentação por parte de grandes grupos ajudam a desenhar um novo contexto do setor – impactando o comportamento de consumidores e outras marcas. limpa. Veja algumas notícias recentes:
[Colaborou na reportagem: Thais Schreiner]
Green science para reduzir danos

Ciência verde: metas ousadas para até 2030!
Em sua primeira conferencia de transparência na versão digital, o grupo Grupo L’Oréal (detentor de marcas como Kérastase, Redken e L’Oréal Professionnel) reuniu formadores de opinião do mundo todo para reafirmar o compromisso da empresa com a criação de produtos mais eficazes, seguros e que respeitam o meio ambiente. O grupo anunciou que fará a transição de 95% de todos os ingredientes para fontes vegetais renováveis, materiais abundantes ou processos circulares; e garantir que 100% de todas as fórmulas de produtos respeitem o meio ambiente aquático até 2030. É um longo tempo frente à urgência da crise climática, mas vale destacar que as mudanças em grandes conglomerados passam por muitas avaliações, pesquisas e burocracias.
Para atingir esses objetivos, então, o compromisso do grupo é adotar mais práticas das chamadas Ciências Verdes, que usam tecnologias de ponta para permitir o abastecimento sustentável de ingredientes naturais. Ele também abrange os avanços recentes em agronomia, biotecnologia, química verde e modelagem para avançar as metas de sustentabilidade do grupo.
Compromissos a longo prazo & regeneração
Das marcas mais conscientes da grande indústria, no final do ano passado, a Natura inaugurou este ano um centro de compostagem próprio em Benevides, no Pará, para tratamento de até 12 toneladas de resíduos orgânicos por mês e produção de adubo para os produtores locais. A iniciativa é fruto de parceria com a Morada da Floresta, empresa de soluções ambientais. Recentemente a marca se consolidou como a 40ª mais sustentável do mundo, em um ranking que avalia mais de 8.000 empresas, e, também, a número um na categoria de Empresas de Cuidados Pessoais. Vale dizer que, ainda no ano passado, o grupo Natura & Co, composto pelas marcas Natura, Avon, The Body Shop e Aésop, apresentou o programa Compromisso com a Vida, formado por iniciativas diversas voltadas à proteção do meio ambiente, dos direitos humanos e da economia circular.
Embora, por critérios das certificadoras a Natura não seja considerada uma marca de cosméticos naturais, a empresa se aproxima bastante do movimento Blue Beauty, que propõe que as marcas tentam ir além das fórmulas limpas, mas também revejam o impacto das suas operações e reparem danos causados pelas suas operações. Entre alguns já seguidos pela empresa, a compostagem é um bom exemplo de prática regenerativa.
Do skin care à maquiagem: lançamentos naturais
Os últimos meses também foram marcados por lançamentos surpreendentes de gigantes da beleza. Em 2020, a divisão de skin care da Dior lançou Capture Totale, uma linha de cosméticos com embalagens mais minimalistas (excluindo as embalagens secundárias e películas plásticas) e formulações com até 95% de ingredientes naturais. Como o rosto da campanha, Gisele Bündchen. Um grande passo, mas com um empecilho perante a comunidade natural\sustentável é que o grupo ainda não é cruelty-free.
Sempre cobrado pela comunidade da beleza limpa, no final do ano o grupo O Boticário anunciou sua primeira linha orgânica. Demorou mas, em relação a critérios sobrea formulação, agrada: os produtos do portfólio (tem loção corporal, shampoo, condicionador…) da Nativa SPA Orgânica contém formação natural e orgânica, com certificação IBD, além de embalagem de origem vegetal. Vale destacar que, entre outras ações, em 2019 o grupo apresentou uma ferramenta própria denominada I.A.R.A™ – Índice de Avaliação de Risco Ambiental – que permite calcular o impacto de produtos enxaguáveis como shampoos, condicionadores e sabonetes no ambiente aquático.
E bem recentemente a Guerlain, marca de luxo de skincare e perfumaria, anunciou em conferência para a imprensa no começo do ano, onde apresentou suas intenções em unir beleza, ciência e sustentabilidade, e a previsão de uma linha com três itens com 95% de ingredientes naturais. Deve ser lançada no Brasil no meio do ano.
Colgate: reduzindo o impacto dos hábitos essenciais
Já parou para pensar que a escova de dentes que você usou quando criança ainda existe em algum lugar do mundo, independentemente da sua idade? Estima-se que esses itens de higiene demoram mais de 400 anos para se decompor, o que se agrava ainda mais diante do descarte indevido, que os leva para aterros, mares e rios, contaminando o meio ambiente. Depois do surgimento das escovas de bambu, que podem ser levadas à composteira e, assim, decompostas como resíduo orgânico, outras opções conscientes têm aparecido. Nos Estados Unidos, a Colgate apresentou a Escova Colgate Keep, feita com cabo de alumínio e cabeça removível. A tentativa, neste caso, é conter em até 80% a poluição estrondosa causada por esses resíduos plásticos – durante o ano de 2020, mas de 495 milhões de escovas dentais foram compradas no país, um volume que dificulta ainda mais a destinação correta e a reciclagem.
Um lançamento interessante para inspirar fora da bolha, ou seja, quem não abre mão do acessório tradicional (muitas vezes justificando que não se adapta às cerdas vegetais das versões de bambu) a reduzir o lixo gerado na rotina de higiene pessoal. Vale lembrar que, por aqui, a marca lançou, no ano passado, um creme dental com extratos naturais – mas ainda longe de ser uma pasta de dente natural.
Sea Friendly: o novo termo queridinho nos rótulos
Reino Unido proíbe uso de filtros me propagandas de cosméticos

Reino Unido proíbe filtros nas propagandas de cosméticos
Nem sempre as maiores ação envolvendo a indústria da beleza envolve fórmulas. Aliás, as maiores não. Há poucos dias o Reino Unido tomou uma decisão que vai dificultar as propagandas enganosas envolvendo propaganda de cosméticos – e isso vai passar a valer tanto para influenciadoras tanto para grande mídia. Quem bateu o martelo foi a Advertising Standards Authority (ASA), que regula a publicidade no Reino Unido. O órgão alegou que o uso de filtros pelos influencers pode enganar sobre a real qualidade e exagerar no efeito proposto pelo produto. A decisão foi tomada depois da ASA analisar vídeos que foram alterados totalmente com o uso desse recurso.
Para além das intenções de cada empresa, tais novidades provam que, finalmente, o mercado finalmente compreendeu que a busca por um cuidado responsável, pensando na própria saúde e no meio ambiente, tão propostos por movimentos como clean beauty, slow living e minimalismo, não é um modismo. É um novo reflexo de comportamento.